O projeto “Saberes em diálogo: comunidade, escola e universidade na construção da educação quilombola em Barra do Turvo-SP” nasceu com a proposta de relacionar os saberes e práticas das comunidades quilombolas de Barra do Turvo (SP) com os conhecimentos das diferentes áreas científicas da universidade e a experiência dos alunos e professores da rede pública do município. Para isso, o projeto, a partir das demandas apresentadas pelas comunidades quilombolas, buscou construir seus objetivos de forma a atendê-las e caminhar rumo a uma educação escolar quilombola que enfrente o descompasso presente entre o universo quilombola e os saberes da sala de aula.
Sua construção é fruto de uma série de visitas e trabalhos acadêmicos realizados desde 2012 em Barra do Turvo (SP), sob a coordenação da Profa. Dra. Valéria de Marcos, pesquisadora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo. Entre estes, podemos destacar a produção de trabalhos de campo da disciplina de “Geografia Agrária II”; Iniciações Científicas, TGIs e Tese de Doutorado que abrangeram temáticas relacionadas à produção agrícola, modo de vida e educação diferenciada. A partir de 2016, visando elaborar estratégias para aproximar os professores do município à realidade quilombola foi formado o projeto “Mostra Modo de Vida e Cultura dos Quilombos do Rio Turvo: caminhos pedagógicos”. Seu objetivo foi a realização de uma exposição sobre diferentes temas que tangem o universo quilombola, a fim de aproximar as comunidades das escolas do município.
De forma a dar continuidade a esse projeto, a equipe, por meio do Edital “Aprender na Comunidade” oferecido pela Pró Reitoria de Graduação da Universidade de São Paulo no segundo semestre de 2018, buscou novos caminhos para se pensar a educação quilombola em Barra do Turvo (SP). Tal edital permitiu que a equipe do projeto anterior fosse renovada e ampliada para outras áreas de conhecimento da universidade, como o Instituto de Matemática e Estatística (IME) e os Departamentos de História, Letras e Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo. Neste sentido, a transdisciplinaridade se tornou a base para as discussões sobre educação quilombola, descentralizando este debate da geografia e expandindo-o para outras áreas do conhecimento.